Humanizar a Terra
Livro de Silo. Escrito em espanhol em 1989.
Explicação
3 momentos postos em seqüência que vão da interioridade mais profunda, do mundo dos sonhos e dos símbolos, em direção às paisagens externas e humanas. Trata-se de um percurso, de um deslizamento do ponto de vista que começando no mais íntimo e pessoal conclui na abertura para o mundo interpessoal, social e histórico.
Conferência autor
Centro Escandinavo. Reykjavik, Islandia. 13 de Novembro de 1989.
Este trabalho, Humanizar a Terra, é na realidade um conjunto de três livros. O primeiro deles, O Olhar Interior, foi concluído em 1972, e corrigido em 1988. O segundo, A Paisagem Interna, foi terminado em 1981 e sofreu algumas modificações em 1988. Por último, A Paisagem Humana foi redigido em 1988. Trata-se pois, de três produções de distintas épocas que guardam entre si diferentes tipos de relação como veremos logo. Além disso, têm continuidade de desenvolvimento; estão postas em seqüência. No momento, queira que se me permitisse considerar esta obra desde o ponto de vista formal.
Trata-se de três livros escritos em prosa poética, divididos em capítulos que, por sua vez, se separam em parágrafos. Esta segmentação paragráfica, unida ao estilo apelativo, tão freqüentemente usado, em alguns dos temas tratados, fez com que alguns críticos situassem a obra dentro da literatura mística. Não me desagrada tal classificação, porém que ela é insuficiente em relação aos elementos mencionados.
O primeiro critério usado pela crítica, o da segmentação paragráfica, e das sentenças numeradas, é comum em numerosas produções da literatura mística, assim o vemos nos versículos bíblicos ou nos suras korânicos ou nos yasnas e fargards do Avesta ou, por último, nos Upanishads. Mas devemos concordar que assim como outras produções do gênero estão separadas desse ordenamento, muitas obras de caráter legal, apresentam essas características. Efetivamente, os códigos civis, penais, de procedimentos, etc., estão redigidos em seções, títulos, artigos, incisos, e assim por diante. Tantos outros ocorrem hoje com produções que provêm do campo da matemática e da lógica. Quem consulta os Principia de Russell ou o Tractarus de Wittgestein concordará conosco que não se trata, precisamente, de obras místicas.
Examinaremos o segundo critério, o da função apelativa do discurso formalizado em orações imperativas (diferente das declarativas), que não podem ser submetidas à prova da verdade. Isso ocorre, freqüentemente, em muitas obras da literatura religiosa, mas também em outras que não são. Por outro lado, as sentenças não estão tratadas somente de modo imperativo mas também, muito freqüentemente, se discorre e se dá oportunidade ao leitor para que compare sua própria experiência com a validez do que se enuncia. Quero dizer com isto que, elipticamente, estão classificando esta como "mística" querendo na realidade dizer que se trata de uma obra "dogmática", os critérios usados para isso não são adequados. O terceiro critério, o de que alguns dos temas tocados, parecem estabelecer vínculos com a religião. Neste caso, assuntos como "a fé", a "meditação", o "sentido da vida", etc., têm sido tratados por elas, mas também por pensadores e poetas preocupados por questões fundamentais do ser humano quando este se encontra com problemas em sua existência cotidiana.
Também foi dito que esta produção é de caráter filosófico, pois qualquer que se adentre em suas páginas verá que não se parece em nada a um texto desse tipo e muito menos a um tratado ordenado com rigor sistemático. A Paisagem Humana, terceiro livro dessa obra, é o que induz com maior força a esse erro de classificação. Nele, também, se tem visto um escrito sociológico ou psicológico quando na realidade tudo isso tem estado muito longe da intenção do autor. O que não podemos negar é que ao longo da obra, se deslizam apreciações que caem dentro do âmbito dessas disciplinas. Não poderia ser de outra maneira, em se tratando de apresentar situações em que se desenvolve a vida humana. Assim, dizer que alguns temas são tratados com uma ótica psicológica, sociológica, filosófica ou mística, seria de todo em todo aceitável e desde já o admito. Pois classificar a obra como específica de qualquer das formas mencionadas, não parece correto.
Definitivamente, me sentiria reconfortado se simplesmente se dissesse que este trabalho está realizado sem pensar em enquadramentos ajustados e que destaca os temas mais gerais, mais amplos, como os que encontra uma pessoa ao longo de sua vida. E, se me exigisse uma espécie de definição, diria que se trata de uma obra de pensamento sobre a vida humana tratada em estilo de prosa poética. Terminada esta breve discussão em torno das questões formais, entraremos na matéria.
O primeiro livro intitulado O Olhar Interior, trata sobre o sentido da vida. O tema principal que se estuda é o estado de contradição e se esclarece que o registro que se tem da contradição na vida é o sofrimento; que a superação do sofrimento mental é possível na medida em que se oriente a própria vida em ações não contraditórias e que estas ações são aquelas que vão mais além do pessoal e se dirigem positivamente a outras pessoas. Em resumo: O Olhar Interior fala da superação do sofrimento mental lançada em direção ao mundo social, o mundo das outras pessoas sempre que essa ação seja registrada como não contraditória. O texto deste livro se faz um tanto obscuro pela grande quantidade de alegorias e símbolos que aparecem em forma de caminhos, moradas e paisagens estranhas por onde vai passando uma pessoa de acordo com a situação que lhe cabe para viver em sua vida. Uma das alegorias mais importantes é a da árvore, essa velha árvore da vida que aparece na kabala ou nas lendas de criação dos aborígenes makiritare que professam o culto yekuana nas selvas amazônicas. É a árvore do mundo que conecta o céu e a terra e que em vossa Völuspá islandesa é a Yggdrasil... Assim, neste livro há uma espécie de plano, de mapa dos estados internos em que se encontra uma pessoa em um dado momento de sua vida. O estado de confusão, de vingança, de desesperança, aparecem alegorizados nas posições de caminhos e moradas que se percorrem na "Yggdrasil" do O Olhar Interior, mas também estão alí as saídas das situações contraditórias, a esperança, o futuro, a alegria, em suma: o estado de unidade ou de não contradição. Neste livro encontramos também uma parte dedicada aos Princípios de ação válida. Estes são um conjunto de recomendações ou ditados para recordar certas leis de comportamento que contribuem para alcançar uma vida com unidade e sentido. Para não escapar ao estilo alegórico de todo este livro, Os Princípios tomam um caráter metafórico do qual cito alguns exemplos: "Se para ti estão bem o dia e a noite, o verão e o inverno, é porque superaste as contradições"; "Não te oponhas a uma grande força. Retroceda até que aquela se debilite, então avance com resolução". Recomendações deste tipo encontramos, por exemplo em Hávamál, quando diz: "O homem com tato deve saber medir sua força; quando há valentes não se pode contra todos...", Os Princípios são, na realidade espécies de leis de comportamento mas que não estão pensadas como preceitos do tipo moral ou jurídico, e sim como constantes de forças que atuam em ação ou reação segundo seja a posição de quem atua.
O segundo livro, A Paisagem Interna, continua no estilo do precedente pondo já menos ênfase nas alegorias e nos símbolos. A descrição vai se externalizando em direção ao mundo dos valores culturais e com referências cada vez mais decididas em direção ao campo social. No começo deste segundo livro se lê: "...salta por cima de teu sofrimento e não crescerá o abismo mas sim a vida que há em ti. Não há paixão, nem idéia, nem ato humano que se desentenda do abismo. Portanto, tratemos o único que merece ser tratado: o abismo e aquele que o ultrapassa." Esta proposta aparentemente dualista, põe em evidência as preocupações fundamentais sobre o "crescimento da vida" e a aniquilação da vida. A aniquilação parece tomar uma certa substancialidade ao designá-la, como proporia Heidegger, provocaria uma fratura de estilo irreparável. Não estamos pois falando de "abismo" em termos de substância mas sim de aniquilação ou obscurecimento de sentido na vida humana. Fica claro que o primeiro efeito dualista desaparece ao compreender o conceito de abismo como não ser, como não vida e como não entidade em si. Escolheu-se o conceito de "abismo" pelas implicações psicológicas que tem já que provoca registros internos do tipo vertigem associados a uma contraditória sensação de atração e repulsão. Essa atração de nenhuma forma vence o suicídio ou a embriagadora fúria destrutiva e que mobiliza o niilismo de um indivíduo, de um grupo ou de uma civilização. Aqui, não está se tratando a angústia como em Kierkegaard ou a náusea como em Sartre, no sentido de uma passiva desintegração do sentido ou como uma encruzilhada da escolha, mas como a vertigem e a atração, de nenhuma forma como atividade em direção à destruição. Como uma espécie de motor dos acontecimentos pessoais e sociais que disputam com a vida a superioridade e o poder. Assim pois, se no ser humano existe a liberdade de escolha, então é possível modificar aquelas condições que se prenunciam catastróficas em seu mecânico desenvolvimento. Se, pelo contrário, a liberdade humana é somente um mito piedoso não importará o que decidam os indivíduos e os povos, já que os acontecimentos haverão de desenvolver-se em direção ao crescimento da vida, simples e mecanicamente ou na melhor das hipóteses, tudo irá em direção à catástrofe, ao nada, ao sem sentido.
Neste livro afirma-se a liberdade da vida humana, liberdade entre condições, porém enfim liberdade. E mais, se diz que seu sentido é por essência liberdade e que esta liberdade rejeita o absurdo e o "estabelecido" ainda quando o estabelecido seja da mesma natureza. É esta luta contra o estabelecido, contra a dor e o sofrimento, contra as adversidades que a natureza apresenta para o ser humano, o que tem permitido o desenvolvimento da sociedade e da civilização. De maneira que a vida humana não tem crescido graças à dor e ao sofrimento, e sim, ao contrário, se tem preparado para vencê-los. A decisão de ampliar a liberdade não fica já limitada ao indivíduo, já que este não tem uma natureza fixa, mas sim uma dinâmica histórica e social e, por isto, o indivíduo deve se responsabilizar e atuar pela sociedade e por todos os seres humanos. De acordo com o capítulo anterior VII, disse: "Nomeador de mil nomes, fazedor de sentido, transformador do mundo... Teus pais, e os pais de teus pais continuam em ti. Não és um bólido que cai, mas sim uma brilhante seta que voa para os céus. És o sentido do mundo e quando aclaras teu sentido iluminas a Terra. Quando perdes teu sentido, a Terra se obscurece e o abismo se abre".
E mais adiante: "Te direi qual é o sentido de tua vida aqui: Humanizar a Terra. O que é Humanizar a Terra? É superar a dor e o sofrimento, é aprender sem limites, é amar a realidade que constróis... Não cumprirás com tua missão se não usas tuas forças para superar a dor e o sofrimento naqueles que te rodeiam e se consegues que eles empreendam a tarefa de humanizar o mundo, se abrirá seu destino em direção a uma vida nova". Em resumo, A Paisagem Interna trata do sentido da vida com referência à luta contra o niilismo no interior de cada ser humano e na vida social, e induz a que esta vida se converta em atividade e militância a serviço da humanização do mundo. Como se pode compreender, neste livro não se fala de soluções simplesmente pessoais já que estas não existem em um mundo social e histórico. Quem pensa que seus problemas pessoais podem ser solucionados com uma espécie de introspecção ou técnica psicológica cometem um grande erro porque é ação em direção ao mundo e às outras pessoas, desde já a ação com sentido, a que permite sair para todas as soluções. E se dissesse que uma técnica psicológica pode ter utilidade, parece responder no livro que seu benefício somente poderá ser medido na perspectiva da ação para o mundo, na perspectiva de considerá-la uma ferramenta auxiliar da ação coerente. Finalmente, este escrito trata o problema do tempo e o faz de um modo alegorizado. É o tempo que aparece em sua temporalidade real atuando simultaneamente e não como pretende a percepção ingênua ou numerosas teorias filosóficas nas quais o passado, o presente e o futuro não têm estrutura, e, sim, constituem uma sucessão de instantes que fluem num infinito para "atrás" e para "a frente" sem tocar-se entre si enquanto instantes. No livro o tempo vivencial está apresentado como uma estrutura em que atua simultaneamente tudo o que me tem ocorrido na vida, tanto como o que neste instante me ocorre e também o que vai me suceder como possibilidade, como projeto em prazo mais ou menos previsível. Embora esse futuro me apareça como "ainda não", ele está determinando meu presente de acordo com o projeto que lanço desde mim agora, desde meu "nesse momento". A idéia de tempo como estrutura e não como simples sucessão de instantes independentes, é uma intuição que o ser humano tem tido desde muito ainda que a tenha desenvolvido sobre a base de mitos e lendas. Assim, lemos em vossa Edda Mayor em "A visão da Adivinha", parágrafo 19 e 20: "Eu sei que se rega um fresno sagrado, o alto Yggdrasil, com branco limo... Vinham de lá muito sábias mulheres, três, das águas que estão em baixo da árvore; uma Urd se chamava, a outra Verandi -sua tábua escrevia-, Skuld a terceira. Os destinos regiam os seres humanos, davam sua sorte aos homens." Assim, o passado, o presente e o futuro não são sucessões de instantes, mas sim determinantes estruturais de situação. Bem, no Paisagem Interno, lemos: "...Estranhos encontros estes em que o ancião sofre pelo breve futuro e se refugia em seu longo passado. O homem sofre por sua situação atual, buscando abrigo no que passou ou haverá de suceder conforme se busque para adiante ou para trás. E o jovem sofre porque um curto passado morde seus calcanhares, impulsionando sua fuga para um longo futuro... No entanto, reconheço no rosto dos três meu próprio rosto e me parece advertir que todo ser humano, seja qual for sua idade, pode transitar por esses tempos e ver neles fantasmas que não existem. Ou será que existe hoje aquela ofensa de minha juventude? Ou existe hoje minha velhice? Ou se esconde hoje, nesta escuridão, minha morte? Todo sofrimento se desliza por recordações, por imaginação ou por aquilo que se percebe. Mas graças a essas três vias, existe o pensamento e o afeto e o fazer humano. Há de ser, então, que se essas vias são necessárias, também são condutas de destruição se o sofrimento as contamina."
O terceiro livro, A Paisagem Humana, está dedicado em seus primeiros capítulos a esclarecer os significados de paisagem e de olhar que se refere a essa paisagem, questionando a forma de olhar o mundo e de apreciar os valores estabelecidos. Há, neste trabalho, uma revisão sobre o significado do próprio corpo e sobre o corpo dos outros, sobre a subjetividade e sobre o curioso fenômeno de apropriação da subjetividade do outro. Conseqüentemente, se desenvolve um estudo fragmentado em capítulos sobre a intenção: a intenção na Educação; no relato que se faz da História; nas ideologias; na violência; na Lei; no Estado e na Religião. Isto não é um livro, como se tem dito; simplesmente contestatário porque propõe novos modelos correspondentes a cada tema que critica. A Paisagem Humana trata de fundamentar a ação no mundo reorientando significados e interpretações sobre valores e instituições que pareciam definitivamente aceitos. Com respeito ao conceito de "paisagem", direi que ele constitui uma peça fundamental do nosso sistema de pensamento como já se tem visto em outras produções como Psicologia da Imagem e também em Discussões Historiológicas. Contudo, no livro que estamos comentando, a idéia de "paisagem" está modestamente explicada e dentro do contexto da obra que parece sem as pretensões do pensar rigoroso. Assim, se diz: "Paisagem externa é o que percebemos nas coisas; paisagem interna é o que filtramos delas com a peneira do nosso mundo interno. Estas paisagens são uma só e constituem nossa indissolúvel visão da realidade." Ninguém melhor que vós, islandeses, para compreender estas idéias. O ser humano se encontra sempre numa paisagem mas nem por isso tem consciência de tal coisa. Pois quando o mundo em que cada um vive se apresenta como contraste máximo, como a contradição impossível de sustentar, como equilíbrio instável por excelência, a paisagem se converte em um dado vivo da realidade. Os habitantes dos imensos desertos ou das planícies infinitas têm em comum que seu horizonte comunica alí, na distância, a terra com os céus numa seqüência em que, afinal, fica-se sem saber qual é a terra e qual é o céu... somente a continuidade vazia aparece diante dos olhos. Mas há outros lugares onde choca o máximo gelo com o máximo fogo, a geleira com o vulcão, a ilha com o mar que a rodeia. Onde as águas, além disso, furiosamente irrompem da terra impulsionadas no geiser até o céu. Donde tudo é contraste, tudo é finitude, o olhar se dirige a consultar as estrelas imóveis buscando seu descanso. E, então, os mesmos céus começam a se mover, os deuses dançam e mudam de forma e de cor em auroras boreais gigantescas. E o olhar finito se recolhe sobre si gerando sonhos de mundos harmoniosos, sonhos eternos, sonhos que cantam histórias de mundos que se foram na esperança de um mundo melhor por vir. Por isso creio que esses lugares são paisagens em que todo habitante é um poeta que não se reconhece a si mesmo como tal: onde todo habitante é um viajante que leva sua visão a outros lugares. Assim sendo, em outra medida e com outra colocação, todo ser humano tem algo de ilha porque sua paisagem original sempre se impõe sobre sua visão perceptiva, porque todos nós vemos não somente o que está na nossa frente, mas também vivemos as nossas comparações e ainda desfrutamos o descobrimento do novo que criamos a partir do que já temos conhecido. Deste modo, sonhamos ao ver as coisas e as tomamos sem vacilar como se elas fossem a mesma realidade.
Mas o conceito tem mais amplitude já que a paisagem não é, somente, o natural que aparece diante dos olhos, mas também o humano, o social. É certo que cada pessoa interpreta as outras segundo sua própria biografia e se põe no que lhe é alheio mais do que percebe. De acordo com isso, nunca vemos da realidade do outro o que o outro é em si, mas sim formamos do outro um esquema, uma interpretação surgida da nossa paisagem interna. A paisagem interna se sobrepõe ao externo que não somente é natural mas também social e humano. Claramente ocorre que a sociedade muda e que as gerações se sucedem e, então, quando a uma geração compete atuar, ela o faz tratando de impor valores e interpretações formados em outra época. As coisas vão relativamente bem em momentos históricos estáveis, mas em momentos como o atual, de grande dinâmica, a distância entre as gerações se acentua ao mesmo tempo que o mundo muda debaixo dos nossos pés. Para onde irá nosso olhar? O que devemos aprender a ver? Não é estranho que nesses dias se popularize a idéia de "dirigirmos a uma nova forma de pensar". Hoje temos que pensar rápido porque tudo vai mais rápido e o que acreditávamos até pouco tempo atrás, como se fosse uma realidade imutável, hoje já não é mais. Assim pois, amigos, já não podemos pensar mais a partir da nossa paisagem se esta não se dinamiza e universaliza, se não é válida para todos os seres humanos. Temos de compreender que os conceitos de "paisagem" e de "olhar" podem servir-nos para ir ao encontro dessa anunciada "nova forma de pensar" que está exigindo este processo de mundialização crescentemente acelerado.
Mas voltando ao terceiro livro, A Paisagem Humana, diremos que os temas das instituições, a Lei e o Estado se fazem relevantes e que na formação da paisagem humana, a educação recebida, as ideologias vigentes e a concepção do momento histórico em que se vive são fatores dignos de ser tomados em conta. De tudo isso se fala neste terceiro livro, não simplesmente para criticar seus aspectos prejudiciais mas também e sobretudo, para propor uma forma especial de observá-los, para ajudar o olhar a buscar outros objetos, para aprender a ver de um novo modo. Concluindo com estes comentários, acrescentarei que os três livros que formam o corpo de Humanizar a Terra, são 3 momentos postos em seqüência que vão da interioridade mais profunda, do mundo dos sonhos e dos símbolos, em direção às paisagens externas e humanas. Trata-se de um percurso, de um deslizamento do ponto de vista que começando no mais íntimo e pessoal conclui na abertura para o mundo interpessoal, social e histórico.
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