Humanismo Histórico, situação do
O mundo europeu medieval pré-humanista era um ambiente fechado desde o ponto de vista temporal e físico, que tendia a negar a importância do contacto, que se dava de fato, com outras culturas. A história, do ponto de vista medieval, é a historia do pecado e da redenção; o conhecimento de outras civilizações não iluminadas pela graça de Deus não reveste grande interesse. O futuro prepara simplesmente o Apocalipse e o Juízo de Deus. A Terra é imóvel e está no centro do Universo, seguindo a conceção ptolomaica. Tudo está circundado pelas estrelas fixas e as esferas planetárias giram animadas por potências angelicais. Este sistema termina no empíreo, sede de Deus, motor imóvel que move todo. A organização social corresponde a esta visão: uma estrutura hierárquica e hereditária diferencia os nobres dos servos. No vértice da pirâmide estão o Papa e o Imperador, às vezes aliados, às vezes em pugna pela preeminência hierárquica. O regime económico medieval, pelo menos até o século XI, é um sistema económico fechado, fundado no consumo do produto no lugar da produção. A circulação monetária é escassa. O comércio é difícil e lento. Europa é uma potencia continental encerrada, porque o mar, como via de tráfico, está nas mãos de bizantinos e árabes. Mas as viagens de Marco Pólo e seu contacto com as culturas e tecnologias do extremo Oriente; os centros de ensino de Espanha, desde onde os mestres judeus, árabes e cristãos irradiam conhecimento; a busca de novas rotas comerciais que evitam a barreira do conflito bizantino – musulmano; a formação de uma camada mercantil cada dia mais ativa; o crescimento de uma burguesia cidadã cada vez mais poderosa e o desenvolvimento de instituições políticas mais eficientes, como os senhorios de Itália, vão marcando uma mudança profunda na atmosfera social, e essa mudança permite o desenvolvimento da atitude humanista. Não se deve esquecer que este desenvolvimento admite numerosos avanços e retrocessos, até que a nova atitude se torna consciente.